“A honestidade passou a ser uma virtude e não uma obrigação”, diz diretor do MCCE em evento contra a corrupção em SP

“A honestidade passou a ser uma virtude e não uma obrigação”, diz diretor do MCCE em evento contra a corrupção em SP

Ato reúne centenas na Catedral da Sé e chama população para ser protagonista no combate à corrupção
(Do site da OAB/SP)

 

Um chamamento à sociedade civil para ser protagonista em defesa de um Brasil mais ético e menos corrupto marcou a cerimônia inter-religiosa na manhã deste sábado (09/12), na Catedral da Sé. Organizado pela Seção São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil em conjunto com a Cúria Metropolitana de São Paulo o ato contou com total apoio de mais de uma centena de entidades.

A solenidade proposta no Dia Internacional contra Corrupção reuniu cerca de 400 participantes entre representantes da sociedade civil e de líderes de diferentes credos religiosos e dos povos indígenas. Conforme afirmou o presidente da Seccional paulista da Ordem, Marcos da Costa, a sociedade será a grande protagonista das mudanças que o país necessita, adotando a ética em suas relações pessoais, sociais e profissionais. “Não podemos nos curvar diante desses feitos de corrupção. Temos presente entidades representantes de parcela significativa da população para conclamar a todos para essa grande causa”, acentuou.

O dirigente da Ordem paulista ressaltou ainda a proximidade das eleições que serão uma oportunidade de os cidadãos escolherem adequadamente aqueles que serão seus representantes, visando um ambiente melhor para o país. Fato também lembrando no manifesto lido no encerramento do ato cívico na Sé e assinado por todas as entidades presentes. Independentemente de partido ou posição política, a sociedade precisa ajudar a superar esse momento de crise: “Todos somos responsáveis para formar os princípios básicos e fundamentais brasileiros”.

 
Prática corrosiva
O anfitrião, dom Odilo Scherer, cardeal arcebispo de São Paulo, ponderou que a corrupção é uma prática que corrói as normas estabelecidas para o convívio comunitário, levando quem a pratica a viver na falsidade, com uma postura em desacordo com a esperada. “Somos todos chamados a agir de modo responsável e manter o senso comum para a honestidade e a retidão. Quem não age desta forma não tem um sono tranquilo, está sempre com a consciência pesada, pois exerce uma conduta errada e marcada pela falta de solidariedade”, pregou.

Falando em nome do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, o advogado Luciano Caparroz, alertou que, para muitos brasileiros, honestidade passou a ser uma virtude e não uma obrigação. Por conta disso, é um dever cívico das entidades se posicionarem como exemplos de combate aos atos ilícitos para mudar a cultura impregnada no país, destacando a consciência a ser seguida nas eleições. “Somente por meio do voto conseguiremos mudar essa situação e deixar um legado para nossos filhos e netos.”

Por sua vez, Raul Meyer, da Sinagoga do Centro de Cultura Judaica, ressaltou que o país vive um longo período de incertezas e falta de comprometimento ético, principalmente porque comete erros na formação de seus cidadãos. “A falta de incentivo no sistema educacional faz com que o povo perca a chance de conhecer seus direitos e, consequentemente, não deixar se enganar.” Mesma linha foi seguida por Rita de Cássia, representante de religiões afro-brasileiras: “O que falta é ensino adequado e respeito para superarmos os males causados pela corrupção”.

A população indígena esteve retratada por Marcelo Werá e Davi Karai Popygua. Marcaram presença e fizeram suas orações o sheik Mohamad Al Bukai, da Mesquita de Santo Amaro e diretor de assuntos islâmicos; o reverendo André Mira, pastor da Igreja Batista em Perdizes; e a monja Heishin. Falou ainda o padre Tarcísio M. Mesquita, coordenador do secretariado Arquidiocesano de Pastoral, para quem sem senso de justiça o Brasil não atingirá a paz; e o reverendo Valdinei Aparecido Ferreira, que defendeu a reforma política e disse que a corrupção tira o pão das pessoas todos os dias.

A diretoria da OAB SP foi representada pelo vice-presidente Fábio Romeu Canton Filho, e pela secretária-geral adjunta Gisele Fleury Charmillot Germano de Lemos. Compareceram ainda numerosos conselheiros Seccionais, presidentes de Subseções e Comissões da entidade, além de dirigentes das instituições participantes.

 

Fonte: OAB/SP
Foto: José Luis da Conceição/OAB/SP

Atualizado em 11/12/17, às 21h53

Fonte: Fonte/Foto: OAB/SP